Estereótipos
Sabe, eu tinha a impressão de que nós estávamos vivendo numa era de quebra de estereótipos clássicos. Os nerds não eram mais aqueles bichos do mato com óculos fundo de garrafa. As mulheres bonitas não são mais fúteis. As lésbicas não são mais caminhoneiras ou cantoras de MPB. Os gays não são mais aquelas figuras extravagantes que você identifica só pela voz.
Mas de vez em quando eu saio da bolha das personalidades que sigo na internet e, para a minha infelicidade, eu percebo que os estereótipos ainda existem. Alguns deles não são tão revoltantes, só são fruto de ignorância ou visão míope de mundo. Por exemplo, há pessoas que conheço que parecem achar que todos os homens gays estão contidos em um intervalo entre David Brasil e Vera Verão. Provavelmente nunca foram apresentadas a sujeitos como Tim Cook, Ian McKellen ou Leonardo Vieira - confesso que esse último está aí para cumprir a cota de exemplos brasileiros.
Mas eu já ouvi pessoas proferirem declarações tão absurdas que eu quase não consegui esconder a tristeza que eu senti na hora. Há pessoas muito próximas a mim que demonstraram ter convicção de que os gays têm por destino serem infectados pelo HIV, e a missão de seduzir outros homens para infectá-los também. Como se isso não fosse o bastante, eu fui aconselhado a não ter cuidado com amizades com homens gays porque eles tentariam me convencer a cortar meu pinto fora e virar mulher.
Eu realmente não sei como agir nessas situações. Eu tenho ficado calado porque eu tendo achar que uma discussão sobre qualquer desses assuntos faria os interlocutores se armarem contra mim rapidamente. É difícil desconstruir preconceitos quando as pessoas têm aquela velha opinião formada sobre tudo.
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